Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
A exuberância da natureza amazônica, que atrai turistas de toda a parte e movimenta quantias em dinheiro nada irrelevantes, contrasta com o lado obscuro de quem age fora da lei, seja para garantir a pesca esportiva, atualmente proibida devido à pandemia, seja para quem atua a serviço do narcotráfico. O drama real, no entanto, fica por conta das comunidades locais, que sofreram, nas últimas semanas, graves violações dos direitos humanos.
Dione Torquato, outra liderança local, em entrevista por e-mail à IHU On-Line, pontuou que a região do Rio Abacaxis é uma área de risco e cujas ameaças aos moradores têm, basicamente, duas origens: “1) medo de retaliação por parte da polícia, de que a Polícia Militar volte a cometer novas violações de direitos contra as populações como vingança às denúncias feitas ao Ministério Público Federal; 2) medo de um possível ataque dos traficantes que atuam na região. Um dos motivos que levam os moradores a sentirem-se ameaçados nesse momento é a própria presença da Polícia, e os possíveis confrontos entre policiais e traficantes que podem ser entendidos, por parte dos traficantes, como possíveis denúncias dos moradores locais”, explica.
Ambas as lideranças locais são unânimes em afirmar que se trata da mais grave violação dos direitos humanos na região em mais de uma década. A expectativa, no entanto, após a visita do Ministério Público e da Polícia Federal, é que os culpados pelos crimes sejam responsabilizados. O judiciário, entretanto, move-se com lentidão e cada dia que passa aumenta o suplício dos moradores locais.
As entrevistas foram realizadas com Josep Iborra Plans, o Zezinho, CPT,
e Dione Torquato, do Conselho Nacional das populações extrativistas – CNS.
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